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Páscoa: da morte à vida

11 de abril de 2020

Páscoa: da morte à vida

Símbolos e mitos nos ajudam a pensar e a dar significados sobre a cultura, sobre nossa existência, sobre a vida e a morte. A Páscoa sugere os tradicionais ovos de chocolate, que representam a origem, o nascimento, uma nova vida.

Na obra “Criança observando o nascimento do homem novo”, Salvador Dalí simboliza o medo e ao mesmo tempo a esperança e o recomeço. Porém, a Terra sangra!

Na pintura observamos uma criança diante de algo novo e inesperado, representado por um novo homem. A mãe aponta para uma nova era, onde tudo está a recomeçar. Nem todo ovo é de chocolate, mas faz ver o medo e a expectativa da criança, amparada na mãe, diante do desconhecido. Assim é a realidade da vida!

A Semana Santa, a Paixão de Cristo como uma referência simbólica da cultura, também significa algumas passagens: da morte à vida; da tristeza à alegria; do medo, da incerteza à esperança. A palavra paixão, do grego pathos, remete a padecimento, sofrimento, indicando também a passagem da morte para a vida. Com a morte abrem-se reflexões sobre as perdas, sobre a possibilidade de sonhar e renovar, pois na alegria da Páscoa pensamos na esperança de cada renascimento.

A palavra Páscoa, quando derivada do hebreu peseach, significa a passagem da escravidão para a liberdade, representando também a passagem da morte para a vida. Pensando na morte e nas angústias estamos pensando na vida. É porque morremos que a vida, a afetividade e a busca do outro têm valor. É com o significado de morte da Sexta-Feira Santa que o domingo de Páscoa torna-se vida e faz sentido.

Indagamo-nos, porém, sobre a atualidade desses símbolos já tão desvanescidos. Talvez tenham reaparecido agora que o imperativo é refletir, sentir? Sentir na sexta-feira a castração, a impotência ante um inimigo invisível, mortal, justamente em um momento em que o sentimento coletivo, as relações afetivas mais estáveis, a noção de limites e valores simbólicos da cultura declinam sobre a primazia do ato, dos objetos, da onipotência e da infinitude. As relações afetivas, sustentadas enquanto “açucaradas”, revelam-se fragilizadas, do meio-amargo ao amargo do desamparo, das incertezas.

Pensando na morte, nas perdas e fragilidades simbolizadas pela Sexta-Feira Santa, estamos também nos preparando para a vida, com menos açúcar e mais afeto. Esta Páscoa talvez possa apontar para um sentido mais humano, capaz de nos fazer refletir sobre a finitude, sobre as angústias e fragilidades da vida.

José Renato Berwanger Carlan (Psicólogo, Psicanalista do CPRS)


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